Os meus não-Óscares
Todos sabemos o que se passou em 2020 e porque é que tão depressa não nos vamos esquecer dele.
O Macaulay Culkin fez 40 anos. Não que eu precisasse de relembrar, bem sei. Não é que tenha acontecido algo de mais relevante que isso...
Certo??
Fim de tentativa de piada.
Estamos em Abril, e este ano calham a ser os Óscares neste mês.
E se há coisa de que não me posso queixar de 2020 foram os filmes: muitos e bons.
Fartei-me de ver filmes.
Tive muito tempo livre este ano passado, tempo de mais até ]cadé vida social...[.
E apetece-me partilhar alguns filmes de que gostei bastante e não vi serem muito falados, mas que são aqueles que mais me fazem mais lembrar 2020.
Muitos mais bons filmes haverão, mas estes são os que quero partilhar.
Que surpresona.
Duas adolescentes que moram na América rural ]não procurem este sítio no Maps[ viajam para Nova Iorque para procurar ajuda para fazer um aborto.
Já parece interessante? Ainda não?
O título do filme dá A melhor/mais marcante cena do filme.
Intrigante? Pelo menos um bocadinho?
A fazer lembrar um pouco o romeno 4 Meses, 3 Semanas 2 e Dias , esta pérola indie traz-nos aspectos muito interessantes de como tão complicada e confusa a sexualidade se pode tornar quando algo assim como uma gravidez acontece.
E aquela cena de uma das actrizes a beijar um rapaz, e a amiga a segurar-lhe a mão como quem diz "Estou aqui para ti"?
Não conto mais nada.
É ver.
Quando vi este filme no início de 2020, ainda o tema do Weinstein estava muito fresco, e não dá como não relacionar este filme com isso.
Uma assistente ]Jane[ e um chefe ]um Ele que não conhecemos[.
Trabalhar num escritório onde somos totalmente descartáveis.
Testemunhar abusos, denunciar e não ser levada a sério.
Uma vez mais, uma bela abordagem à dificuldade de se ser mulher num mundo de homens, mas não só. A dificuldade de se começar num escritório onde somos números ou funções, não seres que merecem respeito.
Entrar nas engrenagens do sistema, tentar melhorá-lo e ser-se engolido por ele.
Pouco diálogo mas percebe-se tudo o que se passa.
E se não me engano, isto representa um só dia na vida de Jane.
Uma pintora torna-se amiga de um dos ladrões dos seus quadros.
Que premissa, hein?
À medida que o documentário progride, ela torna-se a sua aliada e por vezes até se porta como uma âncora num mundo em que ele não tem lugar, um mundo que não se adapta a ele, e vice-versa.
Fui para este documentário sem expectativas e sem saber do que se tratava.
Não quero dizer mais nada, porque vai valer mais a pena ir para ele assim.
Agora vou só deixar a nota de dois filmes de que se fala muito e com razão, e que já são nomeados aos Óscares:
The Sound Of Metal ]SOM[ e The Father
Filmes bastante diferentes mas com interpretaçãos do caraças.
O meu preferido é sem dúvida o The Father.
Já vi filmes muito bons sobre demência ]Amour e Away From Her[. Mas a perspectiva usada agora é totalmente diferente.
Baseado numa peça de teatro, este filme traz-nos uma mente perdida, uma mente confusa e com medo.
Como uma "mente velha" e a afastar-se do nosso mundo pode interferir tanto com as outras.
E como foi belo de ver isso no The Father.
E o Hopkins? Suberbo.
Pensar que há actores mais novos que ele que já se reformaram e ele parece estar no pináculo do seu talento.
A Olivia Colman? Excelente, como sempre. Ela só sabe ser boa actriz.
Quanto ao SOM, todo o tema da surdez, da tecnologia dos implantes correctivos faz deste filme um caso à parte. Um tema que não me lembro de ver ainda retratado, mas que foi elegantemente feito.
E quando temos o Riz Ahmed neste nível... upa upa.
Alguém viu algum destes filmes?
Se sim, que tal??