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Carta Fora Da Manga

Um espaço de coisas para dactilografar e hiperligar a gosto.

Carta Fora Da Manga

Um espaço de coisas para dactilografar e hiperligar a gosto.

Nannette

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Ando a tentar ver um especial de comédia por mês.

 

E já era mais que devido prestar atenção ao show da Hannah Gadsby: Nanette.

 

Acho que quem usa as redes sociais não pode ter deixado de reparar o quão foi discutido no ano passado por esses lados.

 

Eu também notei, mas só agora devido a esta vontade de ver mais comédia o vi.

Deixo aqui algumas reflexões opinativas em formas de pontos.

 

 

Ponto 1: Não percebo tantas críticas negativas a este Especial.

 

Ponto 2: Fez-me rir imenso.

 

Ponto 3: Não acho errado que a Hannah fale tanto sobre a eterna sociedade machista, se isso fez/faz parte da sua história.

Conseguir falar de temas tão estruturais para a nossa sociedade e fazer rir a plateia, ora bem, isso é comédia. 

 

Ponto 4: Aceito muito bem que alguém diga que não goste deste especial.

Stand-up é assim, ou se gosta ou não não se gosta.

 

Mas tantas críticas negativas ]incluíndo de comediantes que muito respeito intelectualmente[ ao tipo de actuação que a Hannah fez, como se falar de temas que estão tão entrelaçados com a sua vida fosse um estilo de comédia menor, não percebo.

 

Isso é o que a grande maioria dos comediantes faz: usam episódios e experiências da sua vida para fazer monólogos cujo intuito é nos fazer rir.

 

Se essas experiências são de abuso e raiva, são então menores? Não concordo.

Um comediante fala do que sabe, do que experienciou.

 

Ponto 5: Eu podia não ter gostado de ver o Especial da Hannah.

Poderia muito bem acontecido.

Mas não estaria certo em dizer que não fora um Especial de comédia a sério, que "isto" não foi comédia.

 

Ponto 6: Acho que as suas observações talvez tenham incomodado muita gente, homens e mulheres, misóginos e não-misóginos.

Gente que talvez prefira dizer que isto não é comédia, porque é mais fácil do que aceitar que houve imensos momentos de comédia do início ao fim com muito activismo. 

 

Eu não sou o público mais fácil de me fazer rir em frente a um computador e ri-me imenso com uma regularidade bastante considerável; muito mais do que esperava, tenho que admitir.

 

O objectivo de stand-up é fazer rir. 

Para públicos diferentes, piadas diferentes.

Maior ou menor activismo, para mim tanto me faz.

Mas não concordo em menosprezar este show só porque sim.

 

Gostei muito.